quarta-feira, setembro 20, 2006

Goteira

Eram somente um
Sem nenhum
Sem um canto
Somente o acalanto

Eram somente um
Sem nenhum
Mas lhe restavam os afazeres
Lhes guardavam os deveres

- Há uma goteira nessa telha. Pinga sempre em minha cabeça quando cozinho
- Arrumarei no final de semana se conseguir vender as latas

E quando menos esperavam
Lá estava ele
No meio do dia o que nem mais esperavam

E quando menos esperavam
Lá estava ele
Pincelando no lençol, o amor lhes encantava

E no meio dos dizeres
Eles lembravam do que um dia haviam sido
E recordavam dos prazeres
E se entristeciam por tudo que haviam querido

- Obrigada
- Do que?
- Por lembrar de mim quando há uma goteira pra arrumar, dinheiro pra ganhar e sono pra perder
- Obrigado você
- Do que?
- Por ser minha mesmo quando há comida pra esquentar e roupa pra lavar

E o sorriso relembrava a juventude
E um tempo que não mais voltava
E toda a vicissitude
Era mais do que ela pensava

- Sinto falta do passado
- Também sinto. Mas o amor ainda existe...
- Assim como a gente planejou que seria
- O amor foi a única coisa que restou dos planos do passado

E adormeceram no sono da nostalgia

5 comentários:

Silvia Regina Angerami Rodrigues disse...

Nossa, que conto/poema mais lindo.... adorei. Como vc, assim tão novinha, Fabi, consegue expressar coisas que têm tanto a ver com a maturidade??

Jornalista crônica disse...

Gostei, Fabi, bem profundo, parece um relacionamento de 20 anos...com certeza a inspiração não foi em você mesma!
Mas parabéns por ser tão observadora!

Estela

Camis disse...

Ai, é lindo!
Só que tem um errinho... Tá errado falar "obrigado você". Te explico por e-mail!

Mas é lindo mesmo, é o inverso da carta do Obede, né?

Beijão!

Anônimo disse...

Como disse a Camis.. tbm considero o inverso de minha carta..

lindo lindo lindo..

Você sim é a sensibilidade em pessoa..

beijos sista!
te lovo!

Milton T disse...

Fabi o passado sempre estará presente em nossas vidas....

A Silvia é uma graça também!

Beijos p/ vcs