E era tarde de domingo e chovia. Eles gostavam de estar juntos enquanto chovia porque podiam passar a tarde de pijamas com a luz apagada e podiam sonhar e fazer planos e contar piadas sem ter que sair de casa para nada.
Mas agora ela estava só. E a cama estava mais vazia do que antes.
Ela estava deitada. Não porque quisesse fazer planos, mas porque não tinha planos pra fazer, não tinha caminhos pra trilhar, não tinha onde ir e ainda chovia. A cama ficava de frente pra janela e ela via a chuva bater no vidro.
Uma única gota na janela. No meio de todas as outras, foi apenas uma. E ela lembrou daquele dia.
- Meu bem, está vendo aquela gota?
- Qual? Tem milhares delas na janela.
- Aquela ali, que corre para o lado direito. A maior. Está correndo, veja só.
- Sim, o que tem ela?
- Ela é sua
- Minha? Obrigada. Mas o que eu faço com uma gota de chuva?
- Eu dou ela pra você. Quero que você guarde. Mas não quero que você use.
- E como eu uso uma gota?
- Você já ouviu a voz do pranto, meu bem?
- Já.
- Ele traz a gota. Ela é a prova do meu amor por você. Você guarda, você a controla. Enquanto ela estiver guardada bem escondida, você nunca vai precisar usar. Ela é sua pra não ser usada.
Ela sorriu, achou engraçado.
Mas agora ela abrira a caixinha de música e a gota rolara.
quinta-feira, janeiro 24, 2008
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5 comentários:
Fabi, que lindo... fiquei arrepiada.... Pena que vc só escreve tão de vez em quando... bjs e bom feriado
sai melancolia...
E como escreve maravilhosamente bem
Olha a caixinha de música aí, mas essa não é a Catarina...
Vc devia escrever mais!
Beijo!
Fabiana,
Estive por aqui para conhecer o seu trabalho. Voltarei outras vezes para fazer um comentário melhor, depois de ter lido mais. Parabéns e sucesso no seu blog.
Ah gostei daqui.
Bons ares.
Posso voltar?? =)
bjinhos
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